noite do dia 03/11/19

existe há tempos uma dor enorme no meu peito que venho acumulando por não saber lidar. anseio por lançá-la aos teus braços, mas você parece distante demais. sinto-me só. sinto sua falta. meus vazios obscuros já não se preenchem e isso me gera uma angústia sem fundamentos. nada mais faz sentido dentro de mim. por estar machucada, acabo machucando a mim mesma. ao verbalizar, diminuo minha dor. sou frágil. sou pequena. não há porque doer. insuficientemente sou suficiente. isso deveria me contentar, mas aquela luz duradoura sumiu faz tempos. não há mais palavras. não há mais nada. a dor fica. enxerida, por teimosia, permanece. angustia e permaneço só, procurando sua face que, não sei como, ainda está aqui. seus olhos ainda me observam. seus braços ainda estão abertos pra mim. me machucar dói em você também. já não te alcançar. sou alcançada por você, meu Alfa e meu Ômega. tudo de mim é você. todas as palavras se esvaem, mas a Palavra continua e fala por mim. minhas palavras são suas. seus braços me alcançam. lanço minhas dores a ti. amo você. agradeço por continuar me amando. por ter me amado primeiro.