um texto pra legenda de foto de casal no instagram
eu encontrei em você tudo o que sempre quis. as crises de indecisão da minha vida diziam respeito a muitas coisas, inclusive sobre o que eu sentia por você. nunca saberia dizer. eu diria que acho isso, acho aquilo, e no fim das contas não conseguiria explicar por quê. hoje eu sei. hoje faz sentido. você é tudo o que eu sempre quis. não lembro de companhia mais agradável que a sua. não lembro de alguém que me fizesse sorrir como você faz. não lembro de me sentir tão amada quanto me sentia ao ouvir a sua voz, ao ouvir a sua risada, ao ouvir o seu “eu te amo”. e se hoje sei o que sinto, sei porque você me mostrou. você me guiou nos meus momentos de incerteza, de insegurança. você me deu confiança para seguir por caminhos tortuosos e deliciosos que eu nunca imaginei que seguiria e que sempre ansiei por seguir. os meus caminhos. eu não entendo o que você tem que me faz estar tão louca por você. sei que te olho e vejo o homem que nunca havia encontrado antes e que, se por acaso eu te conquistei, foi uma loteria que ganhei. é a sorte que nenhuma outra mulher conseguiria viver. nenhuma outra mulher encontraria um homem que a conhecesse tão bem. e te conhecendo, eu me conheço melhor. você é um enigma indecifrável e, nas partes que revela a mim, encaro o meu próprio reflexo. seu sorriso me lembra o meu. seu olhos são como os meus. sua boca lembra a minha. olho pra você e me vejo de modos que não achei que eu seria. suas confusões e traços obscuros são a minha personalidade que escondo de mim mesma. viver contigo é assumir que sou o que sempre jurei que não seria. o que mais amo em você é o que mais odeio em mim. e se procuro te salvar, é porque almejo ser a redenção de mim mesma. se sou o seu messias, posso ser o meu. ou posso dizer que você o é — e no fim tudo dá na mesma. somos completamente diferentes e por isso mesmo tão atraídos. e por isso mesmo tão parecidos. você disse que sou as estrelas do seu céu noturno. pra mim você é o sol e eu sou a lua, refletindo a sua luz, tentando ser como você, tentando te encontrar e a todo momento te perdendo de vista. talvez eu ame mais a poesia portuguesa do que a brasileira (mas não conte isso pra ninguém). talvez eu me identifique mais com o sentimento saudosista dos tempos de glória — nos quais não havia nenhuma glória de verdade — que não voltarão. eles não voltaram. mas eu continuo recheando meus textos de barcos, de emancipações, de conquistas do que não é meu. olho pra embarcação em que você está e penso em me jogar nela pra ver se dessa vez eu consigo tocar em você por pelo menos um segundo. mas não olho pra embarcação apenas; também vejo o mar que te cerca e ele me assusta. tudo isso me assusta e me dá vontade de fugir. com você, sem você, completamente sozinha, não sei. se a literatura portuguesa vive em ciclos de terra e mar, eu vivo em ciclos de fugir de você e fugir pra você. canto essas cantigas de amor tentando encontrar a paz. mas ela não está em nenhuma palavra desse texto.