uma vez eu disse que ela era a minha água

Maria Carolina de Souza
2 min readMar 24, 2021

e eu sequer lembro desse poema. acredito que eu tenha pensado que não conseguiria viver sem que ela estivesse aqui. esqueci que águas em excesso afogam e que meu coração estava depositado no lugar errado

então talvez esse seja um poema de amor longe do convencional porque meu coração não é dela. antes eu escrevia longas frases, evitando pausas para mostrar a vocês que o tanto de amor que eu sentia por ela

me sufocava.

afinal, a água existe e nós precisamos dela pra saciar a nossa sede. mas ela não precisa ser bonita do jeito que ela é. existe algo além das necessidades físicas que podem ser contempladas pelo seu uso. os rios, os mares e cachoeiras mostram o modo como a água está em harmonia com todas as outras coisas. a alegria estética que é proporcionada por essa visão não é necessariamente vital, mas vitaliza essa existência. a chuva rega as plantas e também nos permite dançar sob seu toque.

percebo que hoje ela não me sufoca mais. ela não é como a minha água, a minha necessidade de vida, o que sacia a minha sede. eu não preciso dela pra minha existência, e isso não significa que meu amor por ela diminuiu ou que não quero que nos casemos. ela precisa estar no meu futuro. porque ela é como a música presente nos meus dias e compreender isso faz desse sentimento muito mais leve. passei meus tempos anteriores fazendo de tudo pra amá-la sem dela depender. agora vejo que posso ter bons dias, mesmo que a gente sequer se fale. posso ter bons dias sem ver o seu rosto. mas tê-la ao meu lado faz desses dias melhores. ela é o que tira o sobre do meu viver e me lembra de tudo o que faz a vida ser bonita. ela me dá mais razões para viver, refletindo todas as coisas que mostram a graça da criação. ela não é a água, mas a canção que canto ao dançar na chuva. é parte das cores que compõem o céu no pôr do sol. é o som do rio que corre aqui perto. o que me faz acordar sorrindo num dia ruim.

ela é o que faz a vida ser bonita e perfumada. como se todos os dias fossem flores.

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Maria Carolina de Souza
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Written by Maria Carolina de Souza

eu nem tenho mais o cabelo loiro, mas essa foto me deixa chique. escrevo sobre a vida, tanto quando ela é boa quanto quando ela é dolorida.

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