versos do arroz doce

Maria Carolina de Souza
1 min readJan 26, 2021

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procuro inspiração nas lascas de canela

que recordam-me minha donzela.

as musas abandonam-me

pois, sendo apenas comida,

julgam sem valor minha poesia.

ora, a brevidade da vida…

o temor de um beco sem saída…

dá-me apenas mais necessidade

de cantar essa dor que me invade.

sei que não muito longe

aguarda-me um sem fim abismo.

morrerei, não se sabe onde,

a sós com o meu romantismo.

mesmo a pensar nesse vazio,

meus olhos se enchem de fascínio

ao contemplar minha donzela

dotada d’uma beleza tão perpétua!

mas junto a mim ela nunca vem se assentar;

nossa distância é tão pequena

que vejo-a com outro se abraçar,

expondo sua alegria plena…

por que ao meu lado ela não fica?

para que a sua graça, da mais rica,

possam meus olhos verem de perto?

julgo meu amor tão incerto…

com outro, ela forma tantos pratos

cheios das mais variadas cores;

com ele, ignora todos os meus atos

e não se abre para meus doces sabores.

o brilho de seu óleo é tão belo;

dele eu cuidaria com todo o zelo…

sua forma é da mais esguia;

eu a amaria por toda a minha vida…

se não posso amá-la ao seu lado,

pelo menos em meus versos a farei bendita;

em meu lugar vejo meu irmão salgado,

a completar minha amada batata frita!

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Maria Carolina de Souza
Maria Carolina de Souza

Written by Maria Carolina de Souza

eu nem tenho mais o cabelo loiro, mas essa foto me deixa chique. escrevo sobre a vida, tanto quando ela é boa quanto quando ela é dolorida.

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